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Alimentação


Na natureza, a alimentação das aves depende do ecossistema em que estão inseridas. Na verdade, o que as espécies fazem é aproveitar nichos ecológicos e a alimentação que eles disponibilizam. As que, durante a sua evolução, não encontram um nicho disponível e a que consigam adaptar-se, simplesmente, extinguem-se.

O que acontece é que, esses nichos, em geral, não são estáticos; o clima varia ao longo do ano e ao longo dos tempos. Variando o clima, varia a alimentação disponível e as aves adaptam-se a essa alimentação.

Para entender-mos este conceito, é preciso saber que, o nosso clima (Portugal) é atípico; aqui chove mais na estação mais fria. Pelo contrário, na maioria dos climas de onde provêem os pequenos exóticos mais criados em cativeiro, chove mais na estação mais quente. Nalguns casos, a estação da chuvas dura o ano inteiro, noutros chove apenas alguns dias, seguindo-se uma longa estação seca e mais fria.

Num clima de muito calor e chuvas permanentes há, durante todo o ano, flores e frutos e é aí que as espécies frugíveras e nectaríferas proliferam. Já os insectívoros têm uma alimentação mais sazonal, dado que a maior ou menor proliferação de insectos, e o seu ciclo de vida, sói depender, também das monções e dos ventos predominantes; assim, é comum estas aves complementarem a sua alimentação com sementes e frutos, nalguns casos sendo essa a sua única alimentação durante certas épocas. Por outro lado, nas zonas em que chove menos, normalmente chamadas de semi-áridas, a sobrevivência das aves implica ter “boa boca”: Quando chega a chuva, há um rápido proliferar de larvas e insectos e as aves aproveitam essa fonte rica em proteínas; logo depois, as sementes germinam, e as aves comem, também, rebentos e sementes verdes; quando as sementes ficam maduras já a estação seca teve inicio, e inicia-se a época de comer, preferencialmente, grãos secos; à medida que a estação estival avança, vai rareando o alimento e é a hora de comer… tudo o que aparecer. E quando digo tudo, é mesmo tudo: uma das fontes alimentares mais importantes, no auge da seca, que os primos daquele passarinho inofensivo que você tem em casa não desdenham, são os cadáveres, e as larvas e insectos que eles alimentam. (Pasmado? É a lei da sobrevivência; mas descanse… o seu pequeno dinossauro não o vai comer.)

O que o criador amador deve fazer é tentar reproduzir a natureza, isto é, dar às aves o que o ecossistema original daria. Claro que, é impossível conseguir 100% de êxito, mas podemos aproximar-nos bastante.

Em primeiro lugar devemos escolher um alimento de base adequado à espécie que criamos, de boa qualidade e limpo. Depois, complementamos a alimentação com produtos naturais, preferencialmente, ou com papas especificas. Não poupe na alimentação; gastar em alimentos é poupar em saúde, dentro do razoável.

Podemos dar quase tudo, que as aves sabem escolher o que precisam. No entanto, devemos ter alguns cuidados. Deixo aqui uma lista de alguns complementos que considero interessantes e dos cuidados a ter:

Vegetais (folhas) – pode dar de tudo mas em pequenas quantidades. O excesso irá provocar diarreias. Deve ter cuidado com a proveniência; os produtos de produção intensiva têm grande quantidade de agro-tóxicos e por isso são perigosos para as aves. Devem ser muito bem lavados, preferencialmente com um pouco de sal ou vinagre de sidra na água.

Frutos – pode dar todos, excepto os ricos em ácido cítrico (laranja, limão, ananás, etc.): por ingerirem grit, as aves fazem pequenos cortes na parede interior do estômago que, o ácido cítrico impede que curem; também destrói parte da flora bacteriana do intestino, desequilibrando o processo digestivo. Os frutos devem ser dados com casca, se possível, mas muito bem lavados.

Ovo cozido – é uma boa fonte de proteínas, muito interessante, especialmente, durante as criações e a muda. Deve dar cortado ao meio ou em quartos, com casca: As aves vão comer mais gema ou mais clara, conforme a época do ano. Nunca dê ovos inteiros, especialmente se forem de codorniz ou parecidos; as aves aprendem a associar a forma a alimento, acabando por comer os seus próprios ovos.

Pão – pode dar, mas muito pouco, excepto se for “pão judeu”; esse pode dar à vontade. As aves costumam gostar bastante, mas os fermentos são terríveis para o sistema digestivo.

Farinhada – há no mercado algumas que são interessantes, mas deve ler bem os rótulos. Todas as que contenham, corantes, conservantes de classe E, fermentos, lactose ou algo que lhe pareça suspeito são para rejeitar.

Se a sua ave não comer alguns destes suplementos, não se preocupe e insista, às vezes o que custa é provar. Se provar e não continuar a comer é porque não precisa dele; neste caso pode deixar de dar.

Rejeite os suplementos industriais muito apelativos (paus de sementes, blocos com cheiro de fruta, etc.); esses produtos foram criados para “os donos” e não para as aves.

Curiosidades sobre alimentação:

Numa experiência efectuada no século passado, em que se pretendia testar a relação entre o gosto alimentar e a carência de determinados nutrientes, verificou-se o seguinte:

Escolheram-se bebés de diversas espécies, incluindo humanos e aves, com deficiências provocadas por carências de diversos nutrientes.

Os vários bebés tinham diversos alimentos que podiam escolher, e só comiam os que queriam.

Verificou-se que, em mais de 96% dos casos, os bebés preferiam os alimentos ricos nos nutrientes que tinham em falta. Por exemplo: os bebés humanos com alto grau de raquitismo escolhiam, espontaneamente, óleo de fígado de bacalhau.

A conclusão do estudo foi que, antes de desenvolverem o processo de aprendizagem, o gosto dos animais é mais condicionado pela necessidade do que pelo sabor dos alimentos.
 



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É comum, entre os criadores, o conceito de que a gordura excessiva prejudica a criação, particularmente o acasalamento. Então, costumam emagrecer as aves antes do período de acasalamento.
Este conceito não é errado, mas, também não é tão linear. A verdade é que as aves têm falta de interesse em acasalar porque a sua saúde está debilitada.
O excesso de alimento e a falta de exercício levam a que haja acumulação de gordura, pela incapacidade do fígado em eliminá-la. A sobrecarga aplicada ao fígado, que executa mais de 500 funções orgânicas, leva a um mau estado geral de saúde e daí a dificuldade de acasalar.
Manter as aves relativamente magras, seja através de espaço para que voem, seja através de controlo alimentar, é uma opção razoável. Porém, essa opção deve ser tomada a longo prazo e não imediatamente antes da época de acasalamento.
As razões para isso são de vária ordem:
Em primeiro lugar, é preciso ter em conta que, a gordura é o lubrificante natural do intestino e da cloaca; diminuir essa lubrificação leva a que as fêmeas passem por maiores dificuldades, tanto na rodagem como na postura dos ovos, ou seja, é uma das razões do chamado “ovo preso”.
Em segundo lugar, durante o período de choco, as alterações hormonais, entretanto produzidas no organismo, levam a que haja alguma retenção das fezes; um intestino bem lubrificado facilita a eliminação dessas fezes, evitando os problemas de obstipação intestinal.
Em terceiro lugar, no período de alimentação das crias, os pais vão descurar a sua própria alimentação; manter reservas de gordura, nos progenitores, é a melhor forma de evitar o enfraquecimento excessivo. É bom não esquecer que, não é raro que um dos pais morra durante este período, sem motivo aparente; a razão é, simplesmente, exaustão.
Então, é de toda a conveniência manter as aves sem excesso de gordura, mas, logo que iniciem o acasalamento, deve ser fornecida uma alimentação com bastantes sementes gordas e outros elementos calóricos. Nesta fase, toda a energia consumida vai ser usada, sem nenhum prejuízo para a saúde das aves; pelo contrário, essa energia é muito bem-vinda e necessária.
Também é importante manter algumas reservas de gordura durante a muda da pena, mas disso falaremos noutra altura; algumas mudas são interrompidas pela falta de condição física das aves.