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Se gosta de pequenas aves exóticas, ou se simplesmente sente curiosidade, dê uma vista de olhos, critique, comente... a sua opinião é muito importante, talvez a mais importante de todas.
Se gostou, sorria. Se não gostou... sorria na mesma. Afinal, este mundo está louco, mas não se pode sair dele em andamento!

Reprodução


A reprodução das aves é, talvez, o ponto mais alto das criações de aves, para a maioria das pessoas. Contudo, é, também, um processo que causa muitas ansiedades, preocupações e, por vezes, alguns desgostos. No entanto, a alegria de ver crescer os novos passarinhos sói compensar, largamente, todos os maus momentos.
Para o criador amador, a reprodução das aves costuma levantar um sem número de questões, quer porque não há uma receita, quer porque há alguns mitos associados à questão; na verdade, mesmo dentro de uma mesma espécie, cada caso apresenta um número tão grande de variáveis que, o tornam único.
Porém, alguns pontos são comuns à generalidade dos pequenos exóticos; daí que seja útil tê-los em conta.
Tudo o que aqui falar, deve ser considerado como foco de reflexão e nunca como instrução, uma vez que, cada criador conhece melhor do que ninguém as aves que tem, as suas necessidades e os objectivos a que se propõe.

Paciência
É o factor essencial para que o pequeno criador possa ter sucesso na reprodução das suas aves. A maioria dos pequenos exóticos não gosta que se meta o nariz nas criações. Por isso, devemos interferir o mínimo possível. Os resultados vão acabar por aparecer.

Confiança
As aves, que hoje conhecemos, são o produto de milhões de anos de evolução, reprodução e criação dos descendentes; nós, humanos, andamos a criá-las há poucas centenas. Não seria um bocadinho pretensioso, da nossa parte, pensar que somos quem mais sabe do assunto?
Vamos confiar nas nossas aves; elas sabem instintivamente o que fazer, assim tenham as condições necessárias.

Gaiola
A gaiola de reprodução, mais do que as instalações normais, deve ser um local que, as aves considerem o mais seguro possível. A maioria dos pequenos exóticos, se não se sentir segura, desenvolve um sindroma de ansiedade que, pura e simplesmente, bloqueia todo o instinto reprodutivo. Devemos, portanto, manter e reforçar todas as medidas que já referi na página “instalações”.
Devemos, também, informarmo-nos dos requisitos específicos da espécie que queremos reproduzir: alguns casais preferem estar sozinhos na gaiola, outros toleram outras aves, desde que possam ter a sua bolha se segurança. Algumas espécies gostam de ter plantas para camuflar o ninho, outras gostam de espaço aberto.
A gaiola de reprodução, para a maioria das espécies, não precisa ser grande, mas também não deve ser pequena demais. Um erro comum no criador amador é colocar a comida e a água junto do ninho, para que a ave regresse rapidamente ao choco; não deve ser feito, porque as aves, tanto na postura como no choco, precisam de exercício físico.

Ninho
O ninho a utilizar é outro problema que se apresenta ao criador amador.
Embora se saiba que determinadas espécies preferem certo tipo de ninhos, por vezes, algumas aves dessa espécie podem preferir outro tipo. Isto tem que ver com a experiência anterior das aves; normalmente, preferem um ninho semelhante àquele em que nasceram. Se estiver na primeira criação, é preferível colocar dois ou mais ninhos de tipos diferentes, para que as aves escolham.
A colocação do ninho também deve ter em conta alguns requisitos. Para que a criação ocorra sem problemas, as aves devem sentir que, o ninho é um local seguro. Por isso, se for um ninho fechado, deve estar num ponto de onde a ave possa observar o espaço circundante; se for um ninho taça, costuma ser preferível colocá-lo num ponto bastante alto e num canto, para que as aves possam ver qualquer aproximação.
Também é importante que, o interior do ninho não apanhe sol directo. Isto faria que, os ovos aquecessem demais, durante uma parte do dia.
Para escolher o ninho, ou possível ninho, deve informar-se de qual tipo é mais aceite pela espécie que cria. Se não encontrar essa informação, tenha em conta que, na natureza, a regra geral é que, as aves que têm ovos brancos preferem os ninhos mais fechados; já os ninhos mais abertos, costumam ser preferidos por aves de ovos coloridos.
O material de que o ninho é feito pode ser o plástico, que é mais fácil de limpar, ou os materiais rústicos; madeira, fibra vegetal, cartão, corda, etc. O que nunca se deve usar é metal ou vidro, porque são materiais que aquecem e arrefecem demais.
O ninho deve ser muito bem desinfectado, antes de ser colocado na gaiola.

Material de ninho
Na natureza, os pequenos exóticos dispõem de uma enorme variedade de materiais, para os acabamentos dos ninhos. Algumas espécies preferem os materiais mais macios, outras preferem materiais mais rígidos, alguns que até nos parecem bastante desconfortáveis. Também há espécies que decoram o ninho com materiais coloridos, como forma de atrair as fêmeas.
Em cativeiro, é ao criador que compete fornecer estes materiais. Os mais comuns são as palhas, fibras vegetais e os pêlos de cabra, mas também se pode dar tiras de papel macio ou pano.
O que não se deve fornecer são fibras sintéticas, algodão, tiras de papel rijo e outros materiais cortantes, ou que se possam enrolar nas patas e provocar ferimentos ou estrangulamentos.
O material deve ser fornecido antes de começar a postura e deixar de ser fornecido quando aparecer o primeiro ovo. Isto porque, algumas aves continuam a levar material para o ninho, mesmo depois de haver ovos e crias, acabando por os cobrir e por os esquecer.
Também se deve ter em conta a quantidade de material que se fornece; o ninho não deve ficar muito cheio de material, para os ovos e as crias não serem arrastados para fora, pelo movimento dos pais.

Época de reprodução
É, sem dúvida, incompreensivelmente, uma das questões mais polémicas: polémica e mitológica.
Segundo a maioria da informação publicada, emanada por criadores/expositores, a época de reprodução, em Portugal, inicia-se no inicio do Outono e vai até ao meio da Primavera; ou seja, durante o tempo mais frio. E a explicação deles é simples: corresponde ao período Primavera-Verão na Austrália, no qual os pequenos exóticos nativos se reproduzem, por ser o período em que há mais calor, humidade e alimento.
Não posso concordar, nem com a época, nem com a justificação. O que me parece é que, o factor que leva a escolher esta época, com prejuízo para as aves, é o calendário de exposições. Senão, vejamos:
As aves que se criam, em Portugal, já foram introduzidas há tantas gerações que, não podem ter nenhuma referência do seu local de origem. E ainda bem; se tivessem a menor noção das suas origens, sentiriam que estão num fuso horário oposto, pelo que, dormiriam durante o dia e estariam activas durante a noite.
Por outro lado, fisiologicamente, não podia ser mais errado. Pedir às aves que façam posturas, o seu esforço supremo, na época em que a sua elasticidade musculo-ligamentar está mais reduzida, é o mesmo que pedir a um atleta, que entre em prova sem aquecimento.
Além do mais, é a época em que há menos luz UVII, pelo que, a reposição cálcica nos ossos é mais difícil.
Claro está que, tudo isto pode ser superado com condições ambientais controladas e com suplementação alimentar; mas o criador amador não costuma ter estas condições, pelo que, o melhor, é seguir os parâmetros da natureza.
Na minha opinião, deve-se fazer a desparasitação das aves no inicio da Primavera. Logo após, pode-se dar inicio à época de reprodução. Se a espécie que criamos procriar o ano inteiro, a reprodução pode prosseguir até meio do Outono. No entanto, deve ter uma interrupção nos meses mais quentes de Verão. Neste período, as capacidades físicas e fisiológicas estão no seu auge, tornando mais fáceis os acasalamentos, as posturas e a criação das crias. No entanto, nem tudo são vantagens:
Durante a primavera costuma haver trovoadas, o que afecta a tranquilidade dos casais, podendo haver abandono do ninho, dos ovos e das crias; também as crias se podem assustar, ao ponto de ficar num estado semelhante ao estado catatónico ou mesmo morrer (por vezes, o estado catatónico é confundido com morte, pelos criadores).
Durante os meses mais quentes, a reprodução é bastante exaustiva para as aves e, as doenças parasitárias e bacterianas aparecem com alguma frequência.

Escolher as aves
É uma questão que muitas vezes não se põe, para o criador amador; algumas vezes, o plantel é reduzido, tornando as escolhas impossíveis ou quase. Quando é possível, devemos escolher as aves para acasalar, segundo os nossos gostos e objectivos; prever o que resultará de cada casal é, sempre, uma boa ideia.
No que devemos ter especial cuidado, é em excluir aves com doenças genéticas, deficiências congénitas, demasiado jovens, com baixa condição física, doentes ou convalescentes e, sempre que possível, consanguíneas.

Juntar os casais
Muitos criadores amadores mantêm os casais juntos ao longo do ano, retirando o ninho, fora da época das reproduções; nestes casos, o assunto está resolvido.
Porém, outros separam as fêmeas dos machos, só juntando na época da reprodução. Neste caso, é bom ter em conta o seguinte:
Na natureza, a generalidade dos exóticos vive em bandos, mais ou menos numerosos. Alguns bandos são migrantes, outros são nómadas e outros sedentários, tanto quanto uma ave o pode ser. Porém, na época da reprodução todos os bandos se sedentarizam.
Quando um bando ocupa determinado território, em época de reprodução, o que parece um caos, na verdade não é. Cada macho escolhe um local de nidificação e tenta criar uma bolha de exclusividade em torno dele. Após algumas brigas, cada macho tem o seu espaço e inicia a construção do ninho; as fêmeas vão circulando, em busca do seu par ideal. A escolha da fêmea é feita em função das qualidades do macho, mas também, das qualidades do espaço que esse macho detém.
Para imitar esta situação, em cativeiro, e obter uma reprodução com o mínimo de sobressaltos o que se deve fazer, se for possível, é:
·       Manter o macho na gaiola de reprodução.
·       Introduzir o ninho, num local apropriado (se não se souber que tipo a ave prefere, dão-se dois ou mais, de tipos diferentes).
·       Disponibilizar os materiais de acabamento do ninho.
·       Deixar que o macho e a fêmea se vejam ou, no mínimo, se ouçam.
·       Passados um a dois dias, põe-se a fêmea na gaiola de reprodução. Neste ponto, é conveniente ficar atento, porque alguns casais não se aceitam e brigam demasiado. Neste caso, retira-se a fêmea, mas deixa-se que se vejam. Ao fim de uma semana, pode-se tentar juntá-los de novo.

Acasalamento
O maior problema do acasalamento das aves é o próprio criador. Costumamos ficar demasiado ansiosos e acabamos por induzir factores de stress, desnecessários. É bom lembrar que as aves têm o seu próprio ciclo de vida, com épocas próprias, que nem sempre coincidem com os nossos desejos.
Na maioria dos casos, o acasalamento não levanta problemas, acontecendo naturalmente. No entanto, existem casos mais difíceis. Há conhecimento de casos em que, casais habituais desfeitos não aceitam novos parceiros, ou de casais formados por nós que, simplesmente, não se aceitam. Mas os problemas mais comuns são a juventude das aves, a época não ser adequada à espécie ou aquelas aves em particular e, ainda, o stress induzido pelo criador, ao monitorizar demasiado as aves.
Nos casos em que as aves se incompatibilizam, o melhor é separá-las para evitar danos maiores, pelo menos temporariamente. Quando as aves se aceitam mas não acasalam, podemos estimulá-las através do fornecimento de vitamina E. Porém, aqui há um problema:
Ao ministrar vitamina E sintetizada (a dos frasquinhos), perdemos a noção do que estamos a dar, em termos de quantidades, e podemos exagerar; a libido das aves fica demasiado exacerbada e, após a postura, as aves vão querer acasalar de novo, desprezando os ovos.
É sempre preferível fornecer alimentos ricos em vitamina E; o processo de assimilação é mais lento, mas é mais seguro.  

Postura
As posturas são o processo mais complexo e desgastante da vida das aves fêmeas. Também, são um processo cheio de equívocos e desconhecimentos, por parte dos criadores.
Antes de tentar reproduzir as suas aves, deve colher o máximo de informação relativa à espécie que cria; a boa preparação das aves, evita muitos problemas durante as posturas e muitos dissabores. Infelizmente, há muita informação incorrecta que, pode induzir em erro.
As posturas variam com as espécies, mas, em regra, os pequenos exóticos têm posturas relativamente grandes; é o meio que a natureza lhes faculta para superar as altas taxas de perda de ovos e crias, principalmente por predação.
Deve ter presente, quantos ovos é espectável que a sua ave ponha. E se aparecerem mais ovos que o normal, não pense que tem uma super ave; provavelmente, tem, isso sim, uma fêmea impreparada para se reproduzir.
Tenha em conta o seguinte:
·       Os pequenos exóticos, como todas as aves, nascem com dois ovários e dois ovidutos.
·       Ao chegarem à adolescência, o ovário esquerdo começa a desenvolver-se, enquanto o direito começa a atrofiar.
·       Ao atingir a idade adulta, a fêmea só tem o ovário esquerdo funcional.
·       A natureza serve-se deste “mecanismo” para proteger a saúde da ave reprodutora, garantindo que não há dois ovos no mesmo estágio de desenvolvimento (duas posturas diárias), e para garantir os nutrientes necessários, para os ovos em formação.
·       Algumas fêmeas, por deficiências hormonais, demoram mais que o esperado a ultrapassar esta fase (especialmente os goulds); algumas nunca chegam a ser fisiologicamente adultas.
·       Estas fêmeas estão em condições de acasalar, mas não amadureceram o suficiente, para se reproduzirem satisfatoriamente. Também, costumam ser imaturas na criação dos filhotes.
·       Estas aves podem ter posturas com dois ovos diários e uma quantidade de ovos por postura acima do normal.
·       Nestes casos, deve-se estar preparado para a perda da maioria dos ovos, por deficiência de nutrientes, e, deve-se dar um tempo de repouso considerável à ave progenitora, para que esta recupere fisicamente e amadureça fisiologicamente.
·       As crias que, eventualmente, consigam vingar destas posturas, devem ser alvo especial da nossa atenção, pois podem apresentar várias deficiências congénitas.
·       Deve-se ter especial cuidado na postura seguinte.
Os pequenos exóticos, normalmente, põem os ovos de manhã, entre o nascer do sol e a hora em que o sol atinge o seu zénite, embora haja excepções. Por vezes as aves não põem o ovo neste intervalo de tempo e retêm-no, só vindo a pôr no dia seguinte.
A formação do ovo, requer que a ave esteja suficientemente madura e esteja bem nutrida. Já a sua expulsão requer uma ave fisicamente forte, nutrição adequada e condições ambientais favoráveis.
O ovo é, basicamente, material genético, nutrientes que permitem a multiplicação da célula original fecundada e uma casca de protecção do conjunto.
Para que o material genético seja saudável, é necessário que os progenitores sejam geneticamente saudáveis. Para que o ovo contenha os nutrientes necessários, é necessário que a fêmea seja capaz de os disponibilizar. Para que a casca seja formada adequadamente, em termos de forma e resistência, para que o ovo possa ser expulso de modo normal e que possa resistir a alguns contactos mais fortes, é necessário que o sangue da fêmea tenha os níveis correctos de cálcio. E é aqui que surgem os problemas:
Quais as principais razões para faltar cálcio no sangue:
·       A alimentação da ave pode ser pobre em cálcio. Nos pequenos exóticos a alimentação (água incluída) deve ter entre 1% e 1,4% de cálcio absorvível.
·       A ave ingere cálcio suficiente mas o intestino não o absorve. Acontece quando há mau funcionamento do intestino: Infecções, inflamações, diarreias, etc.
·       As glândulas paratireoidais não funcionam correctamente, provocando hipoparatireoidismo. Estas glândulas são as responsáveis por determinar o nível de cálcio no sangue (hipoparatireoidismo – determinam um nível baixo; hiperparatireoidismo - determinam um nível alto).
·       Falta de fósforo no sangue. Os níveis de cálcio e fósforo estão directamente relacionados; baixando o fósforo, o cálcio também baixa.
·       Osteoporose. Os níveis de cálcio nos ossos, que são o grande “armazém” de cálcio do organismo, ficam demasiado baixos, impedindo a devolução de cálcio ao sangue.
Quais as principais consequências da falta de cálcio no sangue, na formação dos ovos:
·       Ovos com a casca mole ou inexistente.
·       Ovos com a casca rugosa, estalada ou quebradiça.
·       Ovos com forma irregular.
Quais as principais consequências da falta de cálcio no sangue, na expulsão dos ovos:
·       A ave pode não expulsar os ovos por incapacidade de contracção muscular. Os músculos precisam ser alimentados de cálcio, para que se possam contrair.
·       A falta de cálcio no sangue, com a consequente osteoporose, pode levar a fracturas ósseas espontâneas, quando a ave se esforça.
Quais as principais razões para o excesso de cálcio no sangue:
·       Falta de magnésio no sangue. O magnésio é o responsável por impedir a acumulação excessiva de minerais no organismo; mesmo em casos de hiperparatireoidismo, o magnésio consegue corrigir os níveis de cálcio.
·       Insuficiência renal. Os rins não conseguem fazer a filtragem adequada do sangue.
Quais as principais consequências do excesso de cálcio no organismo, na expulsão dos ovos:
·       O cálcio não absorvido no intestino, faz com que este fique menos gorduroso, o que, ao nível da cloaca, dificulta a expulsão dos ovos.
·       O cálcio em excesso nas massas musculares provoca cãibras e dificuldades de relaxamento, dificultando a expulsão dos ovos.
·       Os depósitos de cálcio nos rins (pedras) podem provocar cólicas renais fortes, quando a ave faz força.
Durante as posturas, uma alimentação com maior teor de gorduras é um acréscimo de energia muito desejável, facilita a lubrificação da cloaca e, consequentemente, a expulsão dos ovos.
Também a temperatura é um factor importante. Fazer a postura num local abrigado e com temperatura amena facilita o esforço da ave e evita lesões musculares e nos ligamentos.
Muitas vezes acontece, por deficiência de minerais, por má condição física ou fisiológica ou por doença (genética ou não), as progenitoras terem dificuldades nas posturas; o chamado “ovo preso”.
Quando acontece um “ovo preso”, corre-se a fornecer cálcio à ave; erro. O ovo que está preso, mal ou bem, está formado e não vai absorver nenhum cálcio. Vamos ter em conta que, um “ovo preso” é muito doloroso e debilitante para a ave e, leva à morte se não for extraído. Então, a primeira prioridade é fazer com que a ave expulse aquele ovo.
O que se pode fazer, para ajudar a ave, é dar duas a três gotas de azeite no bico, colocar um pouco de azeite na cloaca, para facilitar a lubrificação, e fazer uma massagem no ventre. Esta massagem deve ser feita no sentido descendente, do lado esquerdo para a cloaca, com muita suavidade; se fizer pressão exagerada, pode partir o ovo, provocar cortes no oviduto, na vagina ou na cloaca e a ave terá uma infecção gravíssima e morrerá. O vapor de água quente na cloaca também pode ajudar, mas é preciso ter muito cuidado para não provocar queimaduras ou sofrimento desnecessário.
Há quem utilize outros métodos (centrifugação da ave, para expulsão mecânica do ovo e aplicação de oxitocina, para provocar a contracção do oviduto) mas estes métodos são perigosos e não são comprovadamente eficazes, pelo que, não os recomendo.
Dar à ave medicamentação, principalmente antibióticos, não tem nenhum efeito positivo; se a ave expulsar o ovo é porque tinha que expulsar, não por efeito do tal medicamento.
Qualquer ave, que apresente este problema, deve ser sujeita a um período de recuperação e correcção nutricional, após ser conhecida a causa do mesmo. Se a causa for o hipoparatireoidismo, a ave não se deve reproduzir, porque vai transmitir a deficiência às crias e, certamente, voltará a ter dificuldades graves na formação dos ovos.

Choco
O tipo de choco dos pequenos exóticos varia muito, com as espécies e com os próprios casais. Por isso, é de toda a importância colher o máximo de informação e ter o melhor conhecimento, possível, das nossas aves.
Em regra, as aves chocam eficientemente, embora algumas espécies sejam mais dedicadas que outras; os criadores é que costumam preocupar-se demais. No entanto, algumas espécies, e alguns casais em particular, tendem a abandonar as posturas frequentemente, pelo que é necessário o uso de “amas”.
Na natureza, com muito poucas excepções, as aves chocam e criam os próprios filhotes; por isso, o ideal é tentar-mos sempre a criação directa. O abandono do choco é um comportamento induzido nas aves, pela criação “industrializada”; aves criadas em chocadeiras/amas dificilmente chocarão normalmente.
O período de choco deve ser aproveitado para a habituação das aves à criação dos filhotes; nesta altura, a alimentação e suplementação devem ser iguais às do período de criação, para que as aves, depois, não estranhem.

Criação
A criação dos filhotes é a fase mais estimulante para os criadores; ver as pequenitas criaturas crescer dia a dia é sempre uma boa emoção. Porém, há que ter o cuidado de não interferir demais.
Normalmente, aves que chocam bem também criam bem. Mas, algumas vezes acontecem rejeições; por isso é bom estar atento. Nestes casos, pode ser necessário utilizar métodos secundários de criação, seja a criação à mão, seja a utilização de amas, embora nesta altura já seja difícil as amas aceitarem os filhotes.
Por vezes acontece, com aves mais jovens ou hipervitaminadas, que as fêmeas comecem a maltratar as crias, arrancando as penas e bicando-as, com o intuito de as expulsar do ninho. Isto deve-se a que, pretendem iniciar um novo período de acasalamento, sendo, neste caso, necessário retirar um dos progenitores; na maioria dos casos, é preferível retirar a fêmea, uma vez que costumam ser mais agressivas para as crias e os machos são mais dedicados. Isto costuma ser preocupante para os criadores, mas a verdade é que um só progenitor consegue, geralmente, dar conta da criação, desde que tenha alimentação de boa qualidade. Nalgum caso em que, por a ninhada ser maior ou o progenitor mais fraco, se note que as crias não estão a ter o desenvolvimento correcto, deve-se ajudar na alimentação, manualmente, com uma seringa e uma papa adequada. Deve-se ter em conta que, em caso de dificuldade na alimentação dos filhotes:
·       Os pais deixam de distribuir o alimento de forma igual a todas as crias, prejudicando umas em prol das outras, pelo que algumas enfraquecem muito mais depressa.
·       Os pais tendem a deixar de dar água, antes de deixar de dar alimento; isso leva a que as crias desidratem rapidamente, especialmente de o tempo estiver quente.
·       No caso de algumas crias morrerem por falta de alimentação, os progenitores vão tender a sobrealimentar as sobreviventes, pelo que o seu esforço não diminui.
·       Os pais vão sofrer um desgaste físico acentuado, sendo importante fornecer alimentação de qualidade e suplementação de vitaminas B.
Nos casos em que seja necessário alimentar à mão, verificarão que as crias, antes de abrirem os olhos, aceitam bem a seringa, mas, depois de os abrirem vão resistir a ser alimentadas. Nestes casos, ajuda se cobrirmos o bico da seringa com fita avermelhada. Também ajuda, se alimentarmos as crias junto das gaiolas, onde possam ouvir outras aves.
No caso de se pretender anilhar as crias, é importante ter em conta o período ideal de cada espécie; anilhar tarde demais pode resultar em danos graves na pata.
Algumas aves tentam retirar as anilhas das crias, chegando a arrancar os pés dos filhotes, para tirar as anilhas. Nestes casos, cobrir a anilha com um penso da cor da pele ajuda a que os pais não se apercebam.
A saída do ninho depende da espécie e não deve ser estimulada. Normalmente, as aves que saem mais tarde são as mais fortes.
Após a saída do ninho, as crias começam a tentar imitar os pais; pequenos voos, tentativa de beber e comer e seguir os movimentos dos pais, são normais nesta fase.
As crias só devem ser separadas dos pais quando se alimentarem sozinhas. Embora se tome como referência os 45 dias de vida, é melhor que se observem bem as aves, antes de se fazer a separação.
Após a separação das crias, é bom que se dê um período de recuperação aos reprodutores, para que não hajam dificuldades no ciclo seguinte.



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1- Porque morrem aves “saudáveis” durante a reprodução

É relativamente comum, que aves saudáveis morram, sem razão aparente, durante o período reprodutivo; durante o choco e, principalmente, durante a criação dos filhotes.
Para se entender o que acontece, temos que ter em conta o seguinte: A reprodução, e prolongamento da espécie, são a “razão de viver” de todas as espécies animais (e não só). As aves não ambicionam uma casa com piscina ou umas férias num paraíso tropical; ambicionam reproduzir-se. Para isso, a natureza encarregou-se de fazer com que, nos períodos de choco e criação, o organismo produza uma dose acima do normal da neuro-hormona endorfina.
A endorfina actua no sistema nervoso central como uma de recompensa. É como uma droga natural; dá uma sensação, irreal, de bem-estar e vicia. Algumas aves buscam, inconscientemente, sempre mais endorfina.
Esta necessidade de endorfina é satisfeita através dos cuidados com os ovos e as crias. Estabelece-se um círculo vicioso: a criação faz produzir endorfina, esta dá prazer e vicia, para satisfazer o “vicio” a ave dedica-se mais à criação, produzindo mais endorfina… e por aí fora.
Neste processo, algumas aves “esquecem” as suas necessidades básicas, não comendo e bebendo o suficiente, mas não mostram sintomas de fadiga ou fraqueza, dado que a endorfina lhe dá uma falsa sensação de bem-estar.
Se não estivermos atentos, a ave acaba por morrer de subnutrição/exaustão, aparentemente sem motivo.
Este processo acontece mais com os machos, porque são os mais dedicados à criação; na verdade, são aqueles a quem a natureza proporciona níveis mais elevados de endorfina no sistema nervoso.


2- Criar directo

Cada vez mais criadores, mesmo os pequenos criadores, optam por fazer a reprodução das aves de forma indirecta, quer através de amas, quer por alimentação à mão.
Na verdade, isso permite aumentar o número de crias, mas não a qualidade das crias. Nenhuma cria alimentada por amas ou à mão é saudável.
Os criadores costumam observar que, as aves criadas pelos pais têm melhor desenvolvimento e isso é verdade.
Todos os criadores já viram que, após o nascimento dos filhotes os pais, naturais ou adoptantes, se esforçam por dar o máximo de alimento aos pequenitos. O que, normalmente, não reparamos é que, elas dão muito mais que alimento e água.
Quando as crias nascem, não têm, no intestino, a flora bacteriana que lhes vai permitir ingerir devidamente os alimentos. Ao manterem a comida no papo, por algum tempo, os pais permitem que a sua própria flora se junte ao bolo alimentar que vão fornecer aos pequenitos. Assim, eles vão fornecendo os microrganismos que, se vão multiplicar no sistema digestivo da cria até atingirem os níveis necessários, e vão fazer a digestão correcta dos alimentos.
Cada espécie tem a sua própria flora bacteriana, seleccionada ao longo de muitas gerações, em função da alimentação específica da espécie. As amas vão fornecer uma flora que, embora parecida, nunca é a 100% a indicada para a cria, provocando alguma ineficiência digestiva, no futuro. Já na alimentação à mão, algumas papas especificas fornecem alguma flora bacteriana, mas a maioria delas não o faz satisfatoriamente; então vemos a ave com o papo cheio, mas incapaz de digerir devidamente, e subalimentada.
Também, na alimentação pelos pais, naturais ou adoptantes, vão sendo fornecidas à cria pequenas quantidades de agentes patogénicos. Estes agentes vão activar os anticorpos do sistema imunitário, permitindo a futura resistência a doenças; como se de uma vacina se tratasse. A alimentação manual é praticamente asséptica, pelo que, a ave não vai ganhar essas resistências, ficando mais vulnerável a doenças.
Por estas razões, é sempre preferível a alimentação directa pelos pais, ainda que seja necessário complementar com alimentação manual.




3- Acidentes nos ninhos



Um dos problemas que mais afetam a moral dos criadores, especialmente os amadores, são os acidentes que ocorrem com as crias no ninho. A reprodução é sempre um momento alto para qualquer criador e, quando algo anormal acontece com os ovos ou as crias, instalam-se a desilusão e a mágoa.
Na verdade, os acidentes acontecem tanto em cativeiro como na natureza. Em cativeiro podemos minimizar os fatores de risco, mas não os podemos eliminar completamente. Podemos eliminar os predadores e as ameaças, podemos reduzir substancialmente os fatores climatéricos, podemos dar apoio nutricional e facilitar a nidificação, mas não podemos controlar os fatores associados à relação progenitores-crias, nem podemos evitar o stress provocado pela nossa própria presença. Não podemos esquecer que, as aves são receosas por natureza e, por muito bem que as tratemos, somos sempre vistos como ameaça, dadas a nossa dimensão e a nossa proximidade.
Os principais acidentes que ocorrem, com ovos e crias, resultam da interação paternal e deles destaco as quedas acidentais do ninho, os ferimentos e as contusões.
1-   As quedas de ovos e crias são normalmente acidentais, embora, pontualmente, possam aparecer casos de expulsão pelos pais. As principais causas são a pouca profundidade ou excesso de materiais no ninho, o tamanho e irregularidade das unhas dos pais e o uso de materiais que se enrolam facilmente.
Tipicamente, as crias ou os ovos são empurrados acidentalmente, ou puxadas por materiais que se enrolam, simultaneamente, nas crias e nas patas dos pais.
O modo de evitar estes acidentes é usar ninhos suficientemente fundos, evitar materiais que se enrolem e usar fundos abrasivos (areia ou granulado de serrim) nas gaiolas, para as unhas dos pais se manterem polidas.
No meu caso, uso uns pequenos estrados gradeados, em madeira, sob os ninhos, que evitam grandes quedas, para o fundo das gaiolas. Estes estrados também facilitam o processo de saída do ninho, das crias.
2-   Os ferimentos mais comuns são os cortes e os arranhões. Podem acontecer devido às unhas ou ao bico dos pais, ou pelo uso de materiais cortantes.
Para reduzir este tipo de acidentes, além do que já foi dito em relação às unhas, devemos evitar os materiais cortantes, como por exemplo, algodão e tiras de papel rijo.
3-   As contusões são, fundamentalmente, luxações articulares que podem acontecer na saída do ovo ou por mau posicionamento dos pais sobre as crias, quando dormem. Isto acontece mais com pais inexperientes.
Estes casos são difíceis de evitar, mas, ao que parece, a nossa interferência costuma ser nefasta: retirar os ovos vazios, alterar a configuração do ninho e mudar a posição das crias aumentam as probabilidades de acontecerem as luxações.
O mais importante, nestes casos, é não tentar corrigir o posicionamento da articulação; este procedimento, para ser executado com segurança, implica um exame de visualização radiológica. Tentar posicionar a articulação “às cegas” leva, em regra, ao agravamento da situação, provocando enorme dor e danos permanentes, que podem ir da imobilização da articulação à necessidade de amputação do membro.
Devemos posicionar a ave de modo que o membro fique livre e deixar que a situação se resolva por si. Normalmente, a ave começará a usar o membro como puder e progressivamente a articulação recuperará a sua funcionalidade natural. Poderá, contudo, permanecer algum desalinhamento permanente da articulação.