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02/10/2012

criação de goulds 3

Venho hoje fazer mais uma actualização a este tema.
 
1- O casal:
O casal que se formou (macho CP, fêmea CL) fez uma postura de 6 ovos, mas, presumivelmente por acidente, o 4º ovo partiu-se, ficando apenas 5 no início do choco. Como tinha escrito anteriormente, o ninho tinha uma construção bastante rudimentar, pelo que, acredito que o 4º ovo se tenha partido por ter sido pressionado contra o fundo nu do ninho, até porque o ovo não foi comido.
Após o aparecimento do 6º ovo, iniciaram o choco afincadamente; a fêmea passava a maior parte do dia, e a noite toda, no ninho. Sempre que a fêmea saía, o macho assumia o seu lugar. Notei também que, a fêmea comia bastante mais papa (mistura de insectívora, ovo, farinha de aveia e raspa de osso de choco) e começou a produzir as fezes volumosas, características das alterações hormonais que devem acontecer por esta altura.
Ao quinto dia de choco decidi inspeccionar o ninho. Verifiquei que o ninho estava muito mais composto, embora continuasse com pouca fibra de côco. Mas, achei estranho que, dois ovos estavam escondidos, num canto e debaixo das fibras, enquanto os três restantes estavam no centro do ninho. Decidi não alterar nada, porque sou dos que acreditam que as aves é que percebem de ninhos.
O choco prosseguiu com o afã habitual.
Porém, ontem (nono dia) a meio do dia, o casal abandonou o choco, subitamente, não voltando a entrar no ninho e acabando por dormir,os dois, no poleiro.
Hoje, reparei que, as danças de acasalamento recomeçaram, pelo que decidi retirar o ninho e inspeccionar os ovos. O ninho não tinha nada de estranho, que justificasse o abandono. Já com os ovos, reparei num pormenor interessante; os três ovos no centro do ninho estavam cheios, enquanto os ovos, que tinham sido empurrados para o canto e cobertos de fibra, estavam vazios.
Conforme já tinha dito, não depositava nenhuma esperança nestas primeiras criações, dada a idade das aves, mas fiquei bastante agradado com a experiência.
Confirmei as ideias que já tinha de que, as aves jovens são perfeitamente capazes de produzir ovos fecundados, sem que sejam precisos estímulos externos; o problema está no controlo hormonal, que permita levar o choco e a criação até ao fim. Também confirmei que, pese a inexperiência, as aves distinguem, perfeitamente, os ovos cheios dos vazios.
Tudo isto não ivalida que, a experiência seja uma mais valia e que, em próximas tentativas, as coisas tendam a melhorar, até porque, com a idade, os ciclos hormonais tendem a ser mais estáveis e regulares.
 
2- O trio:
O trio (machos CV e CL, fêmea CP) estão, há uma semana, com dois ninhos. Os machos parecem ter escolhido o seu ninho respectivo, mas a fêmea, vai espreitando um e outro, mas ainda não entra.
O que acho curioso é que, estes machos se comportam de modos bem diversos.
O macho CV é o romântico: Dança, exibe-se e tenta sempre estar junto da fêmea.
O CL é o "casca-grossa": Logo que abro a luz, tenta galar a fêmea no poleiro, aparentemente sem sucesso, e, invariavelmente, acabando por cair. Já dançar não é com ele, limitando-se, durante o dia, a algumas exibições circenses, do tipo de ficar pendurado nas grades superiores da gaiola.
Estou à espera de ver qual o macho escolhido, para retirar o preterido. Aparentemente, o "casca-grossa" está a levar alguma vantagem, mas ainda não é nada decisivo.
Se o CV for preterido, tenho que o levar ao psicólogo porque, com duas "tampas" seguidas, não há pássaro que aguente. Temo que comece a "abixanar".
 
Contiuarei a postar novidades, assim as hajam com alguma relevância.

20/09/2012

Criação de Goulds 2

Tal como combinado, aqui fica a actualização da minha criação de goulds.
Terça-feira 18, logo pela manhã, notei que o meu trio de gouls tinha mudado de comportamento; a fêmea e um dos machos impediam o outro macho de se aproximar do ninho, de modo um bocado agressivo. Fui verificar o ninho e lá estava a razão - um ovo.
Como previsto, retirei o macho rejeitado para junto do segundo casal, formando agora um novo trio.
Verifiquei que o ninho estava construido de forma muito rudimentar. Na verdade, não passava de um monte de fio de côco num canto e um ovito a rebolar num espaço vazio. Disse que estava, porque a coisa já mudou... para pior; agora, a fibra forma uma espécie de divisória entre as duas partes do ninho.
Os ovos, que agora já são 3, lá andam espalhados pelos cantos, aparentemente sem qualquer critério.
Acresce que, o casal passa grande parte do dia no ninho, mas, à noite vão dormir no poleiro.
Parece-me que, daqui não sairão passarinhos, nem eram esperados por as aves ainda serem demasiado novas, mas está a valer pelas experiências; a minha e a deles. Na próxima, já vão fazer um ninho mais perfeitinho e cuidar melhor dos ovos.
Contudo, vou deixar que continuem a postura e tentem o choco, para que ganhem experiência.
O novo trio vai receber ninhos (desta vez ponho 2) na próxima semana. Estou curioso para saber se o processo vai ser idêntico, ou se existirão diferenças assinaláveis.
Deixo algumas fotos de hoje.
 
O casal que se formou:


O pai dos ovos, aprendiz de estofador de ninhos:


O ninho, já com 3 ovos:


O novo trio (o macho CV foi o rejeitado do primeiro trio):



O repescado com a sua nova pretendida:






14/09/2012

Criação de gouls

Venho hoje dar-vos conta da minha nova aventura com os diamantes de gould.
Decidi iniciar-me apenas com clássicos. Arranjei três machos e duas fêmeas (que mostrei no post anterior), todos novinhos, de 2012, depois de ter pesquisado algumas coisas, juntei-os numa pequena voadeira de metro e começei e planear o futuro deles.
Do que fui lendo, apercebi-me que a criação de goulds está muito uniformizada; parece haver algumas regras que todos os criadores estão dispostos a seguir e, também, alguns dogmas que ninguém questiona. Também fui percebendo que, alguns princípios que os goulds - eles próprios - fazem por "cumprir", na natureza, são desprezados em cativeiro.
Decidi que faria as coisas de modo um pouco diferente do convencional!!!
Não porque acredite que vá ser mais bem sucedido, não; sabia, à partida, que iria cometer erros e ter dissabores. É apenas pela experiência e porque, se o mundo é um rebanho, alguém tem que ser o cão do pastor.
Essa coisa dos casalinhos, sempre me complicou com o sistema nervoso, então decidi criar em trios; dois machos por cada fêmea. Ora, já devem estar a ver que, só com três machos não se fazem dois pares. A ideia era que, quando a primeira fêmea começasse a pôr, o macho dispensado se juntasse ao casal em stand-by, formando o segundo trio.
Claro está que, como bom principiante, começei logo por "meter as patas".
Há uma semana atrás, formei o primeiro trio. Juntei-os numa gaiola de 60cm, mas só meti um ninho. Quase de seguida (dois dias), um dos machos apoderou-se do ninho, o que me levou a reconhecer o erro e pensar que "a coisa" estava perdida. Mas não. Hoje, deixei der ver a fêmea fora do ninho, excepto quando vinha comer e beber, e os machos têm andado a carregar material, afincadamente. Estranhamente para mim, os três passam largos períodos dentro do ninho, juntos. Embora não tenha visto nada, desconfio que, dentro daquele ninho, algo de debochado se anda a passar.
A ideia que eu tinha, e não só eu,  de que cada macho defenderia o seu ninho, dos possíveis rivais, não se está a verificar. Vamos ver como a coisa evolui.
Outra coisa que está a sair fora do espectável, segundo o que eu pensava, é que, o casal que está em espera começou, ontem, a "corte" e hoje já acasalou, mesmo sem terem ninho na gaiola; foi mesmo no poleiro. Se foram influênciados pelo trio, foi pelo som, porque eles não se veêm.
Ainda é cedo para conclusões, mas, pelo caminho que as coisas estão a levar, ou me sairam uns pássaros muito "barrasquinhos", ou a tão falada selectividade dos goulds é um mito.
Irei postando novidades, sempre que se justifique.
 


11/09/2012

Os meus goulds

Após um período largo de ausência, venho apresentar as minhas novas aquisições.
Tendo decidido dedicar-me aos diamantes de gould, vou iniciar-me com 5 aves: 2 fêmeas clássicas (CL e CP) e 3 machos clássicos (CL, CP e CV).
Proponho-me iniciar a criação, sem pressa, com trios. Neste momento tenho formado um trio (fêmea CL, macho CP e macho CV). Tenho em stand-by um par (fêmea CP e macho CL), ao qual, mais tarde, juntarei o macho preterido do primeiro trio.
Eis, então, os meus goulds:
 
Macho clássico cabeça laranja
 



 
Macho clássico cabeça preta



Macho clássico cabeça vermelha

Fêmea clássica cabeça laranja


Fêmea clássica cabeça preta






Algumas fotos do par em stand-by





Finalmente, o trio (ou partes do trio)










Ainda mais algumas fotos do trio











 
 

10/06/2012

Alguns medicamentos anti-infecciosos

Todos os criadores, algumas vezes, são forçados a usar alguns medicamentos, para controlar doenças nas suas aves. Devemos ter em conta que, todos eles têm efeitos secundários indesejáveis, e devemos usar de todo o cuidado quando os utilizamos, mas, quando necessário, devemos ministrá-los.
Se o diagnóstico nem sempre é fácil, a escolha do medicamento indicado pode ser um verdadeiro quebra-cabeças. Isto porque, no caso de aves tão pequenas, é por vezes difícil encontrar medicamentos doseados para elas. Acresce ainda que, por questões de mercado, nem sempre é fácil encontrar os medicamentos que procuramos. O que eu pretendo com este artigo, é mostrar a forma de combater doenças infeciosas, com medicamentos, tanto quanto possível, fáceis de obter e com alto grau de efetividade. Contudo, apresento uma visão pessoal, limitada ao meu conhecimento, que não significa que, não existam outras formas de tratamento, porventura, mais eficazes. Lembro, também, que, só vou falar dos medicamentos de acção primária, pelo que, devemos ter em conta que, nalgumas doenças, estes medicamentos podem e devem ser complementados com outros medicamentos e/ou com outros meios, nomeadamente com correções na dieta.
Dado o metabolismo rápido dos pequenos exóticos, considero que, antes de medicar, devemos definir uma estratégia. Regra geral, a estratégia que perfilho, é a utilização de um medicamento de primeiro impacto e, numa segunda fase, se necessário, de um medicamento mais específico. O medicamento de primeiro impacto deve ser mais generalista, até porque a doença pode não estar devidamente identificada, sabendo-se apenas que está inclusa num grupo restrito. O medicamento específico, aplico quando o de primeiro impacto não foi suficientemente eficaz e foi possível especificar a doença.
As doenças infeciosas podem agrupar-se em vários tipos, em função da sua origem. Irei considerar os seguintes grupos: Bacterianas, fúngicas, parasitárias e virais.
·       Infecções bacterianas:
Recomendo, como medicamento de primeiro impacto, o “Zooserine”, embora em alguns casos, como a colibacilose e a salmonelose, o Fp 20-20 também tenha bastante efectividade. Contudo, o “Zooserine” apresenta a vantagem de garantirmos que a ave toma a dose adequada do medicamento, uma vez que é apresentado em pequenos comprimidos. Também, tem a vantagem de, por si só, ser suficiente na maioria dos casos, além de ser relativamente acessível e fácil de encontrar.
Já o medicamento específico pode variar, em função da infecção;
§  Nas colibaciloses, salmoneloses e bordetella, a enrofloxacina é bastante eficaz; a “Enroxina” da zoopan é bastante eficaz.
§  Na tuberculose aviária a “Enroxina” também é muito eficaz. Porém, estas bactérias apresentam um elevado grau adaptabilidade e ganho de resistência aos medicamentos, pelo que, pode ser necessário alternar o medicamento. Nestes casos, o “Amikacin” e a “Gentamicina” tabernil são uma boa alternativa.
§  Na clamidiose a “Doxiciclina” tabernil parece-me o medicamento mais adequado.
§  Nas infecções por estafilococos, geralmente difíceis de controlar quando o “Zooserin” se demonstra insuficiente, recomendo o “Aviosan” da chevita ou o “Celesporin 150”. Estes medicamentos são um tanto difíceis de encontrar no mercado pet e, o Celesporin 150 deve ainda ser doseado por nós, em função das aves doentes.
§  Nas infecções por bacilos, considero que o  “Zooserin” é o mais eficaz, mesmo nesta segunda fase. Medicamentos à base de cloranfenicol, seriam mais eficazes mas, eu desconheço algum que seja possível dosear com segurança, para pequenos exóticos. Fica a indicação, mas eu não ficaria descansado se apontasse algum.
§  No botulismo, a solução são as anti-toxinas. Estas devem ser geradas pelo organismo da ave, como reacção às toxinas. O que eu aconselho é a manutenção do “Zooserin” para manter a acção antibiótica para infecções oportunistas secundárias e, o uso do “Enterex” como elemento filtrante e de retenção das toxinas. O “Enterex” não é mais que, um composto à base de carvão activado e fibras vegetais, capaz de reter uma grande parte das toxinas e expulsá-las nas fezes. Daí que, as fezes irão ficar muito negras, o que por vezes assusta o criador, embora seja natural acontecer.
§  A clostridiose, embora pouco comum, quando é detectada, já costuma estar num estágio de desenvolvimento muito avançado, sendo, por isso difícil de controlar. Embora o principal órgão afectado seja o fígado, a toxina vai-se alojar em vários órgãos, causando sintomas variados que precisam ser tratados. Mais uma vez, é importante expulsar o máximo de toxinas, através do “Enterex” e combater a infecção com o “Flagyl oral” ou com o “Chlortetracycli+” da chevita. No caso de aparecerem pústulas, nódulos inflamados ou erupções na pele deve-se aplicar o “Crema 6A” no local.

·       Infecções fúngicas:
O medicamento de primeiro impacto que recomendo, neste tipo de infecções é o “Fungistop”: é de fácil aquisição e bastante eficaz, na maioria dos casos.
Também aqui, podem ser necessários medicamentos específicos, para os casos mais graves.
§  Na aspergilose o mais indicado, é o “Megabac-S”. Porém, este medicamento, de origem australiana, não é fácil de encontrar e pode ser necessário, em casos mais urgentes, adaptar algum medicamento para humanos, corrigindo as dosagens e a posologia, o que nem sempre é fácil e seguro. O princípio activo a usar é a Anfoterecina-B. Em alternativa, podemos usar o “Sporanox”; este produto também é concebido para uso em humanos, precisando ser corrigida a dosagem, mas é fácil de encontrar e relativamente fácil de dosear. Neste, o princípio activo é o Itraconazol.
§  Na candidíase resulta muito bem o “Micostatin”, especialmente, se for combinado com o “Aliproct” ou mesmo com o “Fungistop”.
§  Nas infecções por megabactéria, os melhores resultados obtêm-se combinando, os já referidos, “Megabac-S” com o “Aliproct”. Nestes casos, as alternativas anteriormente referidas, também resultam, mas, há alguma perda de eficácia.

·       Infecções parasitárias:
Neste tipo de infecções, é de bom tom dividi-las em dois grandes grupos: as provocadas por parasitas internos e as provocadas por parasitas externos.
Para parasitas internos temos, primariamente, o “Intervermes” que, por si só, resolve quase todos os casos. Contudo, o uso repetido deste medicamento, leva a que os parasitas desenvolvam resistências, pelo que podem ser necessários os medicamentos específicos.
§  Na coccidiose, o “Pulmosan”/”Parasita” via oral, o “Clopidol” e o “Poli-crd” são todos eficazes, embora diferentes. O “Poli-crd” é uma sulfamida pelo que, a meu ver, deve ser evitado. O “Pulmosan”/”Parasita” é o mais efectivo se os órgãos mais afectados forem os do trato respiratório e do digestivo superior; já o “Clopidol” é mais efectivo nos restantes casos.
§  Na capilariose, considero que o “Pulmosan”/”Parasita”, o “Ascapilla” e o “Vermicida Tabernil” são eficazes.
§  Na ascaridíase, o “Verminase” e o “Ascapilla” são os meus preferidos, porém, no caso de grandes planteis, o “Albendazol pó” e o “Canex composto”, devidamente doseados, são alternativas mais económicas e igualmente eficazes.
§  Na sarcosporidiose o “Coccimir” é o indicado, mas, o “Poli-crd”, com as suas desvantagens, pode ser uma alternativa.
§  Na tricomoníase o medicamento específico de eleição é o “Flagyl oral”.
Para parasitas externos, tudo se torna mais fácil: o “Pulmosan”/”Parasita” é o medicamento de primeiro impacto e, em todas as sarnas e infecções por ácaros, resolve o problema.
§  No caso de infecções por piolho, pode ser necessário um medicamento mais específico. Neste caso o “Termitox” é bastante eficiente; deve ser dissolvido em água e aplicado nas instalações. Dependendo do grau de diluição, pode ser usado para outros parasitas como carraças, percevejos, formigas, etc. Porém, baixos níveis de diluição acarretam riscos para o sistema nervoso das aves, se houver contacto. Também, o “Acariasma” é eficaz, mas deve ser aplicado nas instalações e não directamente nas aves.

·       Infecções virais:
Este tipo de infecções é impossível de debelar. A medicação que podemos fornecer, só vai ajudar o organismo a controlar o vírus, mas não a eliminá-lo.
§  Nas infecções por poxvírus, o “Latac seri-pox” tem uma acção bastante positiva e, a pomada “Canary pomada P3” ajuda bastante, quando há lesões cutâneas. Além destes, devemos usar medicamentos para combater os sintomas e possíveis infecções oportunistas, dependendo de quais se manifestem.
§  Contudo, há vírus, como por exemplo o Nilo Ocidental, impossíveis de controlar e que, invariavelmente, acabam por levar à morte das aves. Nestes casos, por questões humanitárias e de controlo epidemiológico, é conveniente “adormecer” as aves; se não formos capazes de o fazer, devemos medicar, no sentido de minorar o sofrimento.
Relembro que, este artigo reflete a minha opinião pessoal, não tendo rigor científico, nem objectivos propagandísticos. Deve, portanto, ser apreciado com todo o espírito crítico.
O único propósito é fornecer uma listagem, que possa servir de ponto de partida para alguma reflexão, em particular, para quem não saiba por onde começar.

01/05/2012

Diagnóstico e medicação caseiros

Todos os criadores, amadores ou não, alguma vez, ir-se-ão confrontar com alguma doença nas suas aves. Isto, normalmente, é causa de muita preocupação e, em certos casos, de desespero; não é incomum ver-se que, o criador fica mais doente que a própria ave.
Importa manter a calma, para se chegar a um diagnóstico correto e, a partir daí, se poder dar o melhor tratamento, em função da doença em causa. É, também, importante que se interiorizem alguns conceitos básicos, que nos vão ajudar:
·       As aves em geral, e os pequenos exóticos em particular, são bastante resistentes e pouco dadas a manifestações de sofrimento. Daqui resulta que, a grande maioria das pequenas maleitas que as podem afectar, nunca vão chegar ao nosso conhecimento; são debeladas pelo organismo da ave, sem que cheguem a aparecer sintomas visíveis.
·       Quando aparecem sintomas, é porque a doença se reveste de alguma gravidade e, regra geral, requer algum tipo de intervenção da nossa parte.
·       Para intervirmos correctamente, precisamos conhecer a fundo as nossas aves; as características da espécie e os hábitos de cada ave em particular. Aquilo que pode ser apontado como um sintoma, numa determinada ave, pode ser um hábito noutra ave da mesma espécie. Um bom exemplo disto é o dormir com a cabeça debaixo da asa; é um sintoma de sofrimento, mas, todos nós já observámos que, algumas aves o fazem habitualmente.
·       São muito poucas as doenças que apresentam um único sintoma. A caracterização de cada doença faz-se pela observação de um leque de sintomas e não por um em particular, embora, em algumas, exista um sintoma mais característico. No entanto, este sintoma pode não ser um dos que nos chamam mais a atenção. É, pois, importante que, ao sermos alertados por algum sintoma, procuremos verificar se existem outros e quais são. Ao somarmos os vários sintomas vamos conseguir, com algum grau de certeza, identificar a doença.
·       Nalguns casos, não nos é possível, com os meios de que dispomos em casa, identificar a doença, mas é possível isolá-la num pequeno grupo de possibilidades. Isto acontece mais com algumas infecções. Assim, pode ser possível, usando medicamentos que atuem sobre esse grupo de doenças, debelá-las, sem que cheguemos a saber, com exactidão, qual era.
·       Um dos meios que dispomos e, muitas vezes, desprezamos é a análise visual das fezes; esta visualização fornece muita informação, que pode ser de extrema valia. É o equivalente, em termos caseiros, às análises laboratoriais de sangue, urina e fezes, que todos nós fazemos mais ou menos amiúde. Pode não ser muito agradável de fazer, mas é muito útil.
·       O que nunca se deve fazer, ao tentar diagnosticar uma doença, é partir do pressuposto de uma determinada afecção e buscar os sintomas. Neste acaso, o mais provável, é “encontrarmos” sintomas que não existem e diagnosticarmos, erradamente, o que procuramos e não a verdadeira doença.
·       Vários são os casos em que, as doenças ou os tipos de doenças, se repetem numa mesma ave ou numa mesma descendência. Por isso, pode ser muito importante o conhecimento do histórico de saúde da ave e da sua ascendência, para se fazer o diagnóstico correcto.
·       Em muitos casos é possível estabelecer uma analogia entre a sintomatologia das aves e a nossa. Porém, devemos ter presente que, há doenças específicas das aves que não têm paralelismo nos humanos. Também devemos ter em atenção que, devido ao seu metabolismo mais acelerado, nas aves, o desenvolvimento das doenças, e também das curas, é bastante mais rápido.
·       Algumas vezes, boa parte dos sintomas encontram-se nas instalações e no ambiente circundante. Estar atento a qualquer alteração que apareça, pode, também, ser uma boa ajuda.
Uma vez diagnosticada a doença, passa-se à fase da medicação. Também aqui, há que interiorizar alguns conceitos, até porque existem muitas ideias erradas, neste campo.
·       Todos os medicamentos são maus, porque têm sempre efeitos indesejáveis, mas são necessários para ajudar a debelar determinadas doenças.
·       Os medicamentos que fazem bem “a tudo”, não existem.
·       A qualidade e efetividade dos medicamentos nada tem que ver com o seu preço. Muitas vezes os mais simples são os mais eficazes.
·       Os medicamentos devem ser ministrados conforme as prescrições: alterar dosagens, modo de utilização e duração, acarreta riscos significativos, em muitos casos é prejudicial e em alguns é fatal.
·       Muitas vezes, os criadores buscam estabelecer uma relação temporal entre a ministração de um determinado medicamento e a cura. Isso não existe. A efectividade de determinado medicamento, numa determinada situação, depende de inúmeros factores. A biologia está muito para além da matemática.
·       Por vezes, os medicamentos têm pouca ou nenhuma efectividade, apesar de o diagnóstico ser correcto e a medicação ser a indicada para o caso em questão; isso acontece pelo estado de debilidade das aves. Acontece que, os medicamentos precisam ser metabolizados e, nem sempre as aves estão em condições de o fazer.
·       As aves, em cativeiro, tende a ter as suas funções hepáticas debilitadas, dado o excesso de alimentação fácil de que dispõem; nalguns casos, essas funções estão extremamente fragilizadas, dada a quantidade de mistelas que as aves são induzidas a consumir. Nestes casos, paralelamente à medicação, é necessário corrigir a dieta da ave, por forma a diminuir a “carga” sobre o fígado, facilitando a metabolização dos medicamentos.
·       No caso das doenças infecciosas e/ou parasitárias é importante eliminar a fonte da doença, normalmente através de desinfecção e/ou desinfestação das instalações. Caso contrário, a ave está sujeita a reinfecções e não se vai curar.
Após cada tratamento, as aves ficam fracas, dado que as funções vitais foram afectadas. É muito importante dar-lhes um bom período de recobro: neste período é importante verificar que a ave volta a comer e beber normalmente, recupera a forma física e os hábitos antigos.
Contudo, algumas doenças deixam sequelas permanentes ou permanecem em estado crónico. Nestes casos, há que atender à situação de saúde da ave e dar-lhe uma vida de acordo com as suas possibilidades.

02/04/2012

Acidentes nos ninhos

Um dos problemas que mais afetam a moral dos criadores, especialmente os amadores, são os acidentes que ocorrem com as crias no ninho. A reprodução é sempre um momento alto para qualquer criador e, quando algo anormal acontece com os ovos ou as crias, instalam-se a desilusão e a mágoa.
Na verdade, os acidentes acontecem tanto em cativeiro como na natureza. Em cativeiro podemos minimizar os fatores de risco, mas não os podemos eliminar completamente. Podemos eliminar os predadores e as ameaças, podemos reduzir substancialmente os fatores climatéricos, podemos dar apoio nutricional e facilitar a nidificação, mas não podemos controlar os fatores associados à relação progenitores-crias, nem podemos evitar o stress provocado pela nossa própria presença. Não podemos esquecer que, as aves são receosas por natureza e, por muito bem que as tratemos, somos sempre vistos como ameaça, dadas a nossa dimensão e a nossa proximidade.
Os principais acidentes que ocorrem, com ovos e crias, resultam da interação paternal e deles destaco as quedas acidentais do ninho, os ferimentos e as contusões.
1-   As quedas de ovos e crias são normalmente acidentais, embora, pontualmente, possam aparecer casos de expulsão pelos pais. As principais causas são a pouca profundidade ou excesso de materiais no ninho, o tamanho e irregularidade das unhas dos pais e o uso de materiais que se enrolam facilmente.
Tipicamente, as crias ou os ovos são empurrados acidentalmente, ou puxadas por materiais que se enrolam, simultaneamente, nas crias e nas patas dos pais.
O modo de evitar estes acidentes é usar ninhos suficientemente fundos, evitar materiais que se enrolem e usar fundos abrasivos (areia ou granulado de serrim) nas gaiolas, para as unhas dos pais se manterem polidas.
No meu caso, uso uns pequenos estrados gradeados, em madeira, sob os ninhos, que evitam grandes quedas, para o fundo das gaiolas. Estes estrados também facilitam o processo de saída do ninho, das crias.
2-   Os ferimentos mais comuns são os cortes e os arranhões. Podem acontecer devido às unhas ou ao bico dos pais, ou pelo uso de materiais cortantes.
Para reduzir este tipo de acidentes, além do que já foi dito em relação às unhas, devemos evitar os materiais cortantes, como por exemplo, algodão e tiras de papel rijo.
3-   As contusões são, fundamentalmente, luxações articulares que podem acontecer na saída do ovo ou por mau posicionamento dos pais sobre as crias, quando dormem. Isto acontece mais com pais inexperientes.
Estes casos são difíceis de evitar, mas, ao que parece, a nossa interferência costuma ser nefasta: retirar os ovos vazios, alterar a configuração do ninho e mudar a posição das crias aumentam as probabilidades de acontecerem as luxações.
O mais importante, nestes casos, é não tentar corrigir o posicionamento da articulação; este procedimento, para ser executado com segurança, implica um exame de visualização radiológica. Tentar posicionar a articulação “às cegas” leva, em regra, ao agravamento da situação, provocando enorme dor e danos permanentes, que podem ir da imobilização da articulação à necessidade de amputação do membro.
Devemos posicionar a ave de modo que o membro fique livre e deixar que a situação se resolva por si. Normalmente, a ave começará a usar o membro como puder e progressivamente a articulação recuperará a sua funcionalidade natural. Poderá, contudo, permanecer algum desalinhamento permanente da articulação.