Benvindos

Muito obrigado por visitar este blog.
Se gosta de pequenas aves exóticas, ou se simplesmente sente curiosidade, dê uma vista de olhos, critique, comente... a sua opinião é muito importante, talvez a mais importante de todas.
Se gostou, sorria. Se não gostou... sorria na mesma. Afinal, este mundo está louco, mas não se pode sair dele em andamento!

Traumatologia



Traumatologia dos pequenos exóticos



Os pequenos exóticos, como qualquer animal, estão sujeitos a lesões traumáticas, mais ou menos graves, que podem decorrer tanto da sua actividade normal, como da manipulação feita pelo criador. Se é verdade que o criador não costuma provocar lesões graves, já o mesmo não se pode dizer dos traumatismos que, por vezes, as aves induzem em si próprias. Uma das causas de lesões nas aves é, precisamente, a reduzida dimensão das instalações, a sua forma e os equipamentos no interior.

As lesões traumáticas mais frequentes são os hematomas, os cortes/ferimentos e as bolhas. Porém, também ocorrem fracturas, especialmente dos membros, e decepação de dedos e pés. Ocorrem também, embora raramente, os traumatismos oculares.



Os hematomas: Normalmente, só são detectados quando se inspeccionam as aves com algum pormenor. Não costumam representar problema, mas se houver inchaço pode-se passar um desinfectante (betadine), só para precaver a possibilidade de a pele rasgar.



As bolhas: Ocorrem quando a ave se entala nas grades, ou quando pousa em poleiros demasiado abrasivos. Nunca devem ser furadas. Devem-se tratar como os hematomas.



Os cortes/ferimentos: Ocorrem pelas mais diversas razões e, normalmente, nos pés. Devem ser tratados com o máximo cuidado, porque são portas de entrada de infecções oportunistas. Devem ser lavados com água ligeiramente salgada. Se houver hemorragia, aplica-se água oxigenada, porque é um bom vasoconstritor. Depois, cobre-se a zona do corte com o desinfectante. Deve-se repetir, diariamente, o tratamento, até o corte/ferimento fechar.



As fracturas: São, normalmente, bastante preocupantes, porque são bastante limitativas da actividade da ave, além de dolorosas. Podem causar deformações permanentes. Consideram-se três tipos de fractura nas aves: fractura simples, fractura com desalinhamento ósseo e fractura exposta. Em todos os casos, deve-se recorrer a uma clínica veterinária, para que se faça um “raio-X” de avaliação, antes de iniciar o tratamento. Mas, todos sabemos que, nem sempre isso é possível; por isso, eu explicarei, mais abaixo, como tratar uma fractura com meios caseiros, com uma boa margem de possibilidades de sucesso. Antes de tratar-mos uma fractura numa ave, deve-mos ter presente que, as aves têm ossos pneumáticos (com pequenas bolhas de ar no interior), com menor superfície de contacto osso/osso, na linha de fractura. Porém, a natureza encarregou-se de as compensar, com uma camada tubular de reforço estrutural, que vai desenvolver-se na zona fracturada e é conhecida como calo-cartilaginoso.

·       Como tratar a fractura de um membro

A fractura de um membro faz-se, fundamentalmente, através da imobilização do mesmo. No entanto, é preciso ter alguns cuidados, conforme o tipo de fractura:

Se a fractura for exposta (o osso fura a pele), deve-se limpar o ferimento e fazer a sua desinfecção, como se fosse um corte.

Esticar, sem forçar demasiado, o membro fracturado; isto provoca que, o osso vá alinhar-se na sua posição natural, caso tenha havido desalinhamento ósseo.

o   Fazer a imobilização:

§  Utilizar um pau de gelado, uma ligadura (pode ser uma simples fita de pano limpa) e um balão pequenino (pode ser feito com um pedaço de balão, um dedo de luva de látex, um preservativo, etc.).

§  Apoia-se o membro esticado no pau de gelado (se for perna, o pau fica na parte de trás; se for asa, fica na parte de baixo). No caso da perna, o pau deve ficar mais comprido que o membro, para que a ave não apoie esse pé. Não se devem usar palitos e paus de fósforo porque, por serem finos, vão vincar e magoar o membro.

§  No lado oposto ao pau, apoia-se o balão. O balão, por ser flexível, vai evitar o corte da circulação sanguínea, caso a ligadura fique demasiado apertada.

§  Liga-se, de forma a ficar justo, todo o conjunto; pau, membro e balão, com a ligadura por fora.

§  Aplicar um adesivo forte, ou um penso rápido, para segurar o conjunto. O adesivo não deve ser colorido, para a ave não ter tendência a querer tirá-lo.

§  Esperar três semanas, retirar a imobilização e verificar se a ave começa a usar o membro. Ter em atenção que, o membro vai estar fraco e vai demorar algum tempo a repor a sua capacidade musculo-esquelética. Se a ave não usar o membro, deve-se voltar a imobilizar o membro por mais uma a duas semanas.

A ave deve ser mantida numa gaiola pequena, sem poleiros, e, com comida, água, grit e cálcio facilmente acessíveis (no chão).

Deve-se suplementar a alimentação com vitamina D3 e complexo B. Se possível, deixar a ave tomar banhos de sol.

O membro pode ficar limitado em funcionalidade, especialmente se, a fractura for junto de alguma articulação.



As decepações: Ocorrem, normalmente, na sequência de cortes da circulação sanguínea, com a consequente gangrena dos tecidos. Estes cortes acontecem por fios ou fibras que se enrolam nos dedos ou patas, mas também, por imobilizações mal feitas. Normalmente, estas decepações não têm consequências de maior, mas, devemos ter o cuidado diário de precaver estas situações. Caso aconteçam, devemos fazer a lavagem e desinfecção, diárias, da zona afectada, até que o ferimento sare completamente, e, estar atentos ao aparecimento de infecções oportunistas. A higiene das instalações é muito importante nestes casos.



Traumatismos oculares: Não são frequentes, mas acontecem. Deve-se lavar o olho, o máximo de vezes possível, sem lhe tocar. Com uma seringa sem agulha, pinga-se algumas gotas de soro fisiológico no olho; em alternativa pode-se usar água fervida. O soro, ou a água, devem estar a baixa temperatura; isso faz o olho contrair e expulsar qualquer elemento estranho que possa existir. A ave deve ser mantida num ambiente escuro. A visão pode ficar, permanentemente, afectada.